Friday, December 28, 2012

O GRITO


Não me chame pra brincar de aparências
o bom, o ruim de ser artista
eu meto pé, eu meto mão
só sei ser se for inteira
cada traço roxo azul e amarelo
todos eles sou eu
e tenho certeza absoluda disso
e cantarei
e falarei
nao te faço fotos pra fingir a última tendência
ou o apreço pro coisas bonitas
eu abri o peito
rasguei a pele
estourei meus poros
e vivo assim
em carne viva
doa o que doer
viva o que viver
para tudo
e qualquer coisa
eu só sei viver se for inteira

Água Doce

Abundância e prosperidade
por mim
e para mim
por onde jorra toda felicidade
por mim 
e para mim
por onde jorra amor e cumplicidade

Sou água rica e traçoeira
para contornar pedras
e enfim receber
gotas de ouro
rios de riqueza
cachoeira de amor

por todos lados
em cada canto
recebo teus tesouros
no meu seio precioso
consagro teu carinho
abençoo tua gentileza
enalteço tua gratidão

Serás a realeza
em cada manifesto
se for perdão
se for afeto
se for mansidão
eu sei te ver
Ser de Amor
que habita em cada pedaço de chão

CÉu


Meu Céu
É Horizonte guardado
Segredo Velado

Cobrindo vista
Este manto azulado
Cobrindo a pele imaculada

Céu azulado...
Conversa antiga
Estrela guia
Índio que inspira

Minha Cabeça 
Céu nosso e véu
Para alçar vôo 
Ó, Liberdade
Imensidão que brilha
Solar princípio
Nós Somos Sol de Sentida Cor

Sunday, December 16, 2012

odociaba!

Fascinada pela imensidão do mar
eu menina pescadora
às vezes esqueço de ter de voltar
Até que vento vem e venta forte
Empurra vela além do intento
Graçamente me agrada e pára
de fronte ao mel desses coqueiros

"iemanjá"
Paris 2009






Friday, September 28, 2012

Sertaneja


Sertaneja


Ah meu sertão..

Carrancudo e pedregoso
Eu tinha um tanto de mundo pra escolher
Mas já queria minh'alma sertaneja
Quando nomeada para chãos cardosos
Vir dançar por essas bandas

Para em meio a tanta secura
Me alegrar com coisa miúda
E pagar promessa em dia de chuva e fartura


Sunday, September 23, 2012

Caminhante de Desertos

Caminhante de Desertos




Intimada a caminhar por desertos
A vida caridosa ao menos me deu solo
Chãos quentes e secos
Beirando o sol a pino
Sou sonho solitário nos chãos que piso

Antes habitar escaldante deserto
A fingir-me outra perante os olhos sociais
Faço da minha cabeça salão
Para sentir e dançar
Ocultada por aceitáveis véus
Seguindo os sons que cantam meus tornozelos

Encantando-me comigo mesma
Danço sob véus
Canto o meu silêncio
Estou em todos os lugares
Meu deserto cabe aonde meu coração for

Tuesday, July 24, 2012

O Tempo


O TEMPO

Fazendo Sol, 2012


Certo dia me afundei em palavras aleatórias em busca de compreender o Ritmo que vibrava em meus compassos. Já havia visto em diversos momentos a aceleração pertinente, o desejo feroz e todo o mecanismo em meus resultados. Palavras sintetizavam livros já lidos, toques despertavam olhares perdidos. Aprendi outro dia com um bem velho amigo que por mais que corresse, um pé havia de vir depois do outro como as coisas assim são naturalmente. O cair revirou-se em paradoxo e a partir desse dia ficou impossível não pisar os dois pés no chão. Já tive menos asas. 

No meio dessas palavras dispersas surgiram entendimentos, significados. Vi imagens, busquei modelos. Vi um homem, alto cigano, sábio, correndo por todos os lados, cristalizando encaixes. A essa altura não se aprendia mais como dançar, o homem era o coreógrafo. Ensinou-me a percebê-lo, em sua arte robusta, desenhada, lapidada. Dançamos enamorados. Pude sentí-lo tão dentro de mim, que tornou-se irrestível não acompanhar o seu encanto. Era fortaleza, tronco, segurança. Embalou-me em seus braços. Encantou-me com sua postura sedutora, robusta. Em grande enlace, dançamos apaixonados. Fechei os olhos tentei seduzí-lo em minha dança intensa. Mas abri os olhos. Vi o mundo. Havia um mundo. 

Haviam pessoas, haviam danças, coreografias. Haviam tantos outros... E foi nesse dia que entendi que se dançassemos tão apaixonados como de hábito, acabaríamos não acompanhando a festa que ali rolava no grande salão do mundo. Ocupamos um menor espaço, diminuímos a velocidade, para que pudéssemos sentir o cheiro, o viço e o gozo de nossos corpos colados.

Sunday, July 22, 2012

Coração Sagrado


Coração Sagrado


Uma dinâmica para o desprendimento, 2012



Já tinha se exaurido
De minhas memórias rápidas
O calor vivaz
que habita em meu coração
Longe das paixões palpitantes
Amor é Sol
Inesgotável
Queimando como fogo
As coisas Sagradas que habitam em mim

Faz-me pensar
Reverenciada
Dentro de mim mesma
Assentada em trono flamejante
Amor é Dádiva 
Para qualquer um

Sinto grande força
Inexorável
Prezo pela tua morada
Te sinto
Em ti existo
Somos Amor

Escorpião/Fênix


Escorpião/Fênix


Improviso n.1, 2012



Já reluz no horizonte

O sagrado Luto
De uma vida em casulos
Cavernas e buracos
E lágrimas de compaixão
Não sei como sairei dessa
Viverei a morte
Na esperança de que venha a Fênix

Eclipse


Eclipse

Graça, 2011





Uma intensidade Real


vive calada

e solitária por detrás de minha face

Transpareço só o aceitável

Para um mundo cheio de regras

E privações do que se deve ser




Licença poética pedi a Oxalá

para poder existir próxima e possível

Perto de mim mesma




E por respeito a esta moral

Tive de criar entre eu e você

A aura dos meus segredos

Realeza Sutil

Anti esse social

Minha verdade 

Minha história

Indecifrável

Para pisantes do chão

Ninguém nunca soube me ver



Houve um dia somente 

Corações abertos

Daqueles que pelo além pairam

Me perguntaram

- É você?

E fui feliz

Porque já houve esse dia

Dança Secreta

Dança Secreta

Dança na chuva, 2012


A melhor dança já dançada

a dos mistérios incertos
que guardo em memórias antigas
afim de grande Alquimia

São milagres do cotidiano
de uma alma que sonha em acordar
e de um Sol com ânsia de brilhar

Para isso saltando de penhascos
Lançando-me em mar aberto
Não há temor ou sofrer

As já encenadas coreografias 
Do brilho de outrora
De um Sonho a se recriar
Fazem penas douradas caírem no chão
De anjos lúcidos
Que embelezam minhas pegadas

Tuesday, July 17, 2012

Sábios Tormentos

Expansão Horizontal, 2012

Sábios Tormentos


Da sabedoria vestida de tormenta
para mes pequenos eus
Faz-me afim de voar com águias
Nesta vida gloriosa
encaminhando-me incessante
Em rumo e direção ao centro de todas as coisas

Brincando de materializar
O subjetivo tão Real 
Há tanto tempo interior
Faz da Terra meu teatro laboratorial
A experimentar formas e medições
De tudo aquilo que já é tão em mim

E assim esperar milagres
Das construções que me ensinam
Em profunda mente
A fazer amar
As partes mais preciosas de mim

Sunday, July 15, 2012

Oração a Vida


Árvore da vida, 2012



Oração a Vida


Vida, bonita vida

Tão plena em teus mistérios
Em mim como templo
Tão sábia em tuas conduções
A ti eu prezo, infinita
Para lançar-me em teus braços
Distante do medo
Ó Sábia incontrolável
A ti eu rogo 
Pela graça da compreensão
Que me faz saltar profunda
Em tua saborosa companhia
A ti venero
Por persistir em desnudar-me
E por mais que ainda segure as minhas vergonhas
A ti insisto
De mim nunca desista
Pois hoje te vi em caprichosas artimanhas
A tirar-me da caverna mais profunda
Para a graça de existir em teu berço
E se por lucidez ou loucura 
Já pouco importa
Quando me impulsiona a estar viva 
e liberta mente nua

Wednesday, July 11, 2012

Arte de Sonhar


A ARTE DE SONHAR

Viver Imagem, 2012





Certas noites brinco de me encontrar em sonhos e contar a mim mesma as próximas pegadas de meus sapatos delicados. Como se adiantando passos, reconhecer com mais facilidade as pegadas e o cheiro de tudo que me acompanha durante a caminhada. Assim mergulho e me integro com mistérios tão profundos e partilhados em um revelar delicado, um se educar antiiiigo... Faz-me imaginar sob véus translúcidos em algum tempo sagrado em terras que já se foram como grandes montanhas de areia que se mexem e já não existem mais em seu lugar. 


Convoco o passado para me relembrar, me fortalecer, decorar minhas vitórias e me banhar no que sempre há. Ou exploro rápidos fatos, natos, aptos para fortalecer minhas intuições. Predito o futuro, desafio augúrios. Liberto-me em outros mundos e abro-me em mim mesma para acolher outras verdades. Não por mera curiosidade, mas por me permitir viajar entre mais diversos mundos além do que já é meu conhecido particular. E hoje quando piso cada passo, vejo não só a mim, vejo os que me circulam, antes da luz que nos inspira, eu aprendi a nos ver. 


E por ser tão exímia e apaixonada viajante, decidi viajar antes da Luz, pois assim poderia escolher os cometas que iria pegar carona ou escolher se iria fabricar os meus proprios raios de Sol. 



Wednesday, June 20, 2012

Forma informa


Forma Informa



Todo mundo veio ver, 2011



Ao longo deste caminho, catei e fucei sem parar palavras que ancorassem um estado de existência que eu não sabia definir. Para então poder re-existir, agora baseada em sensações profundas que gesticulam com um espaço já às vezes imaginável. É tão por isso que sigo  construindo dicionários em pistas de pouso. Existir em si pede idéias e frases amplamente sinestésicas, teatrais, monumentais. Pois há algo desse mundo tão distante e intangível a se falar.

Sigo assim, caçadora de palavras, buscadora de expressões. Como quem busca uma casa para se alojar e relaxar depois do expediente. Modelando e organizando encaixes de sensações que me permitam (re)pousar e compartilhar um existir com qualquer um outro que em vôos rasantes e entrecruzantes se inspire com o mesmo perfume. E dividindo ares, cruzando calmarias, existir por me sentir o ar compartihado. 

As vitórias desta batalha são metáforas descobertas, reveladas. Destas que até então habitavam as terras áridas das impossibilidades do óbvio que tive e tenho de revirar para me (re)encontrar. 

Por tanto querer existir, rezo por terras e terrenos. Formatos, teatros, linguas, traduções. Dá-me alguém a chave: linguagem.










Inspiração


http://www.youtube.com/watch?v=s2IAZHAsoLI&feature=player_embedded

Thursday, May 10, 2012

Eu em mim


EU EM MIM
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Inspiração, Acrílico sobre tela, 2012



Pelas palavras eu penso em deixar fluir aquilo que através da razão eu não consigo penetrar e partir em mergulho profundo em regiões obscuras não por serem más ou desprovidas de beleza, mas por serem ocultas, misteriosas.  Lugares até então desconhecidos, esquecidos. Histórias que ficam guardadas no mais profundo dos baús do inconsciente esperando a hora certa de serem recolhidos e iluminados por velas em castiçais dourados. Revelados. Elevados.

Escondidos tesouros, profundamente enraizados. Esperando a hora a se revelar. Esperando o momento a retornar. E virem à tona, à superfície. Voltar a ser gente, reutilizar-se. Compartilhar desta beleza, até então tão bem ocultada. Por não haver sido tocada, por até então não haver sido requisitada.

E dentro de todas as infinitas horas, vem o seu momento, feito reencontro profundo. Eu e Terra. Como se pudesse ser e sentir a seiva das entranhas do solo subir pelas raízes, percorrer uma estrutura e nutrir frutos que maturam e que se aquecem. Novos nutrientes para frutas novas, mais formosas, saborosas. Daquelas que o sumo escorre pela boca e volta a batizar a terra enlouquecendo os sentidos, enchendo a boca de sabor, nos olhos, na pele.

Até parece que um código profundo foi realinhado, reacordado. Um novo jeito de colher as coisas e puxar da terra energias diferentes: sumos, valores, nutrientes. Para modelar a terra num agora tão diferente em momentos que poderiam até passar despercebidos, não fosse a sensação inebriante que as frutas suculentas provocam em minha boca, em minha língua. Atiçando-me para sugar e ser esta seiva que percorre meu corpo com fervor. Sangue que me percorre com ar, com nutriente, com substância. E vir a ser gozo tranquilo a percorrer as entranhas incessante, alimentando de satisfação meu corpo, meu ego, meu conforto.  Esparramando minha existência em mim mesma, de tanta paixão e alegria envolvidos que acabo sendo quem eu sou.

Da posse tão rara da minha terra, vejo logo lá que já não é mais só a mente minha morada, pois começo sutil e sorrateira a me adentrar e fazer do cálice de terra construção simples e arejada; compactada. Eu me sinto. Eu sou minha. E por mais que não possua-me assim tão inteiramente, já aprendo a percorrer-me em minhas veias. Eu sou meu sangue. E corro por entre mim, e levo o ar. Eu me alimento. Eu sou meu corpo. E me excito diante de tanta tranquilidade como um passarinho que se prepara para pousar e viver uma nova história.

Eu existo em mim e até seria complicado de entender se não houvessem passarinhos tranquilos mergulhados em uma imensidão interior profunda guiados por algo inexplicável quando decolam de um galho a outro. Assim tão naturalmente como um coração que bate.  Coisas que simplesmente são.  

Átomos que se agrupam e se reagrupam aqui e ali com outras coisas. Galho e passarinho, eu em mim. São interações, composições e melodias. Eu e corpo; sinfonia composta. Por mais que (en)cante em momentos abreviados correndo em veias, carregando ares, nutrindo... Ou voando em sinapses, pulsando em corações como um tambor que nunca pára de tocar.

Serei em mim, o tesouro revelado. O baú aberto, iluminado. Me reconhecerei e aprenderei a ser em mim o que ainda desconheço. Coisas novas e diferentes que iluminam o teatro do meu corpo, tão complexo, este Universo que ainda inteiro pulsa condensado. Tudo que se representa em mim, em micro, multifacetado. Nesta terra hei de pousar para ver-me conquistando cada pedaço e vestida de desbravadora, consquistarei a mim e serei em mim. Para que eu possa feliz te mostrar um dia, o movimento do brilho das estrelas quando eu dançar.  

Monday, April 2, 2012

O leão e o unicórnio

O Leão e o Unicórnio



Homens e mulheres encontram-se intensamente no fogo das suas paixões e dos seus desejos e diante desta tão forte energia, vemos leões famintos diante de suas presas, aptos a atacar. Como uma suculenta gazela a passear pelos campos prestes a ser devorada, essa nossa vida parece até existir neste fullgás momento apenas para saciar essa fome de Rei que sabe o que quer e parte para o abate.

Uma dia vi um destes leões se aproximar da sua presa e perceber que se observasse com os olhos do coração, podia ver tudo de uma forma diferente. Ele estava prestes a cometer um grande erro. As cores daquela velha paisagem confundiam sua mente e entorpeciam suas emoções habituadas às mesmas composições.

Ao abrir os olhos do coração, ficou estarrecido! Havia ali na sua frente um lindo unicórnio. O leão já não sabia mais que podia existir um animal tão sublime naqueles campos e era simplesmente impossível e impensável machucá-lo. Sua beleza era tão inesgotável que seria completamente insano devorá-lo! Seria como destruir o poder de se materializar os sonhos.

Leão e unicórnio se olharam profundamente. E nas suas diferenças entenderam a beleza daquele encontro. Caminharam um pouco pelos pastos e o leão contou ao unicórnio que havia pensado em devorá-lo. Com lágrimas nos olhos, o belo e alvo animal contou ao leão que quando o havia visto de longe tinha pensado que ele era o Sol vestido de Terra e que estava ali para aquecer a Vida daquela floresta. Disse-lhe também que na sua singeleza doía-lhe o coração saber que aquele filho do Sol pudesse trazer consigo a destruição. E pediu um favor ao Leão: que aprendesse a contemplar a beleza da Vida que pulsa em todas as coisas, pois assim estaria realmente aquecendo aquela floresta como um Sol deveria fazer. 



Georgia
abril, 2012

Saturday, January 14, 2012

Sopro da Simplicidade



Existe uma simplicidade inerente à rasgar-me as entranhas
E a ti eu te peço ó Simplicidade
que me és tão querida mesmo em devaneios
Penetra-me sem parcimônia
pois em teu Ser eu me acolho em perfeita mente

E a ti reflito, em cada gesto
em cada manifesto
Incompreensível talvez para formas e olhos
Mas penetrável em tudo que é espaço
Sobretudo nos sutis 
Aonde domina poderosa em tua naturalidade

Pois se és aroma quase imperceptível
Sei; nunca sequer deixou de existir
Apesar das relapsas sensibilidades
de um mundo de desejos infrutuosos
És presença cativa
Nos tronos da realeza do tudo que é Amor


Integração 150X68 Acrílico sobre tela