Thursday, August 17, 2017

De repente POESIA


Surf filosófico n.indefinido

Surf filosófico n.indefinido

Enquanto eu olhava o mar de fora
Tudo era desesperança
Um mar de calmaria
Que já não seduz mais meus anseios
Mas no mar eu aprendi
Que é lá dentro que eu consigo ver
O que o distanciamento só me ensinou a prever
As previsões que nada dizem
Mascaradas de trauma
Se cristalizaram em julgamentos
Mas o mar...
AH, O MAR...
Esse sim me ensinou a não julgar
Pois surfando em suas ondas
Eu reencontrei algo além do que posso mensurar
E além da desesperança
Peguei a prancha
E quis ir além da calmaria
E há quem lembre que não sou mais a mesma
Nem o mar é mais o mesmo na minha companhia
Abrimos nosso ritual
O enlace do enamoramento
Eu e o Mar
O vento favoreceu
A fé agitou as ondas
E eu também sou fator de vibração
E o mar, ah, o Mar...
Só traz pra gente o que a gente dá
Eu dei a minha fé
Que dentro do Mar vibrou
Enquanto estivemos juntos
Dançamos um só amor
Até a hora da partida
Quando levei as ondas comigo
E ao fim de tudo
Pra calmaria o mar voltou

Georgia, 2017

Escarros poéticos

Escarros poéticos

Enquanto o corpo for profano
Enquanto a vida for pecado
Enquanto sentir estiver errado
Enquanto a mulher for produto do mercado
Mais distante estamos do sagrado
Amarrados a uma vida de miserável
Escondendo o prazer em esconderijos malassombrados
Omitindo a face a um Deus tirano apto a coisas macabras
Que punem os filhos que forem felizes diante da chibatada
Escravos do castigo
E da barganha divinificada
Amarrados no medo
Feito crianças enclausuradas
Reprimindo as alegrias com medo de ser castigada
Abraçando a culpa pois essa foi a história sempre recontada
De um Deus maligno que aponta o dedo
Que castiga e te amarra em karma
Vivem reprimidos com medo de fazer cagada
Então insistem em barganhas
Joelhos sofridos
Cabelos rompidos
Sexo banido
e todo tipo de sacrifício
Que acalme ainda hoje
O pior desejo reprimido
De que Deus ama quem faz sacrifício

Georgia, 2017

Tempo da puberdade

Tempo da puberdade

Agora o que tenho a dizer
São navalhas de sentimento
De alguém que escolheu sentir
E validar aquilo que à minh'alma atiça
Pensamento não me dá vazão
Desfaço-me das razões
E meço a temperatura pra me lançar apenas no que dá tesão
Só acredito naquilo que vira sensação
Dor, amor, não importa
A sina de quem é mais que sobrevivente
E não busca apenas uma liberdade ideológica
Sou alguém cansada de retórica
Mas se na carne a alma extravaza
Faz-me vibrar
Testemunho pois minha existência
É minha carne quem me dá vida
Todo o resto é apenas teoria
À minha mente dou-lhe a função de buscar o que me qualifica
Sou caçadora de sentimento
E minha vida é o eterno apelo
De uma puberdade que rompeu a virgindade
É sempre o novo que desfaz a inocência da castidade

Georgia, 2017

Recado para o Sol

Recado para o Sol

Eu queria um jeito de falar
O que quase ninguém poderia ouvir
O que da boca gera guerra
E que meu coração não aguenta mais coagir
Não posso me expor diante da quimera
Por isso peço ajuda aos mensageiros da selva
Que meu recado rompa toda e qualquer barreira
Pois a justiça é pedra que cai sem fim na minha própria cabeça
Esse valor não me permite mais ficar calada na sarjeta
Já passou o tempo de omitir para manter uma estabilidade passageira

Pois diante de uma nova apropriação
A minha casa que era como a lua
Agora não reflete mais a desejável vibração
Um inquilino mudou a pureza da estação
Nao ouço mais o rádio que vinha da imensidão
Mudaram o estilo
E agora estou vivendo uma outra intenção
Não sei o que fazer
Pois da aldeia não quero me perder
Estou desesperada
E não posso daqui correr
Já que os cegos do meu castelo
São como pedras preciosas que não posso esquecer
Só mesmo quem vem do Sol
Poderá nos socorrer
As pedras caem na minha cabeça
Não será possível dessa vez me abster

Georgia, julho de 2017

Liberdade quilombola

Liberdade quilombola

Recordando o meu quilombo
Venho denovo diante do altar
Nao sigo a sina dos alforriados
Pois não há papel que assine a minha comprobatória
Sou eu mesmo quem luto pela minha história
Pois na minha carne a liberdade é lei que já nasceu exposta
Por isso o quilombo é minha única possível vitória
Quem carrega a luz dessa etnia
Nao pode diante da chibata se subjugar
Nenhum negro quilombola
Acanhou-se diante do apanhar
Nem rebelou-se em tom de revolta
Diante da incoerência do branco que só sabe mandar
É o som do silêncio que conduz a manada
Na direção da Aurora que irá nos revelar
Não devo ao branco minha ira
Nem pago a injustiça com a revolta de uma guerra que só faria matar
Minha fé já me libertou da palmatória
E é no quilombo aonde escrevo minha única possível história
É por conta disso que aqui assino aquilo que ainda desqualifico
O fundamental que habita em todas incoerências filosóficas
Pois a Liberdade é o sobrenome de todo negro quilombola

Georgia, 2017

Poesias digitais

 A alforria do Amor, 2017



 O desapego da flor, 2017


 O passado passa, 2017



 Ilha, 2013

 Porta-ponta-de-agulha, 2017



 Cadência da minh'alma, 2017




 Renascimento da busca, 2017



A libertação do fim do dia, 2017



Tempo de puberdade, 2017

Mar do meu peito

Mar do meu peito

Todos os dias o mar me olha
E nesse encontro
Minha única certeza
É que nunca seremos os mesmos
Sigo a te olhar
Até em dias de tempestade
Nunca deu-me monotonias
Nem deixei de ver em ti novas cores e possibilidades
O teu sal é quem me tempera
Harmoniza meu sabor
E refresca minha alma que tem sede de amanhecer
Animou minha vida com teu frescor
Eternizou minha juventude
Porque aqui dentro do meu peito
Bate o verão de um coração
Que  desconhece qualquer outra estação

Georgia, 2017

Libertação do Algoz

Libertação do Algoz

Desde que aprendi a tolerar a intolerância
Libertei minha alma das chagas dessa projeção
Da minh'alma doída que sofreu de desqualificação
Desqualificou seu algoz
E perdeu tantas vezes a razão
Não tiro mais o direito dos amargurados
Que a todos ao redor enviam suas farpas
Desqualificam até o bem que é partilhado
Por saberem que jamais serão o centro da atenção
Cada Universo tem sua própria órbita
E cada um caminha naquilo que condiz com sua história
Minha alma não nasceu pra sofrer de palmatória
Nasci em tempos de pecados largados nas contradições da escola
Minha liberdade me trouxe até aqui
E continuo libertando aqueles que me sufocaram até em dias de glória
Se ser livre é minha sina
Não teria sentido nenhum prender alguma coisa em mim
Nenhum mal que tenha me castrado
Nem nenhuma faca que tenha me maltratado
À liberdade dou seus direitos
Liberto de mim o mal que me fizeram
Cada um que tome conta da sua convocatória

Georgia, 2017

Queria Eu




Alma de caçador


Sunday, August 6, 2017

Memórias

Memórias.....

Houve um dia
de homens maus
que me levaram
e me quebraram
e ao fogo me atearam
Fui embora desse mundo
Chorei no céu
A forte dor da incompreensão
De uma vida podada
Esfaqueada pela intolerância
Quem sabe chorei as lágrimas da eternidade
Em nuvens solitárias de imensidão
Até um bom amigo me sorrir
Dar-me sua mão
E uma solução
Dei-me novo chão
Entre seus irmãos
Naquela aldeia
Haviam flores
Haviam penas
E o Meu Pai que era o Próprio Coração
Em seus cuidados
Eu era em si toda minha vastidão
Entre crianças e bichinhos
Havia amor para curar toda minha solidão
Havia cura para retornar a por meus pés no chão
Ainda lembro...
Meu Paizinho
Ele era o Amor em encarnação......

2012