Saturday, March 24, 2018

Dor de carnaval

Dor de carnaval

Saudade é faca afiada
Afiando meus vazios
Despreenchimentos sem fantasia armada
Cortam-me os ânimos
Esfaqueiam meus gerúndios
Faltas desfocadas
Carências não explicadas
Ruas vazias
De um carnaval que eu não vivi
Cenários despreenchidos
Histórias já contadas
E eu pagando de otária
Não distingo o que eu sinto do que faço
Me perdi nas cinzas de um carnaval
Que meu corpo não preencheu
Cenário brasileiro
Senzala aprisionante
Que a escravidão por aqui deixou
Das correntes brasileiras
Mesmo que nesse agora eu seja estrangeira
O contexto não me perdoou
Me cremou nas cinzas do carnaval
Pra meu coração também conhecer essa mesma dor

Georgia, 2018

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