Tuesday, July 24, 2012

O Tempo


O TEMPO

Fazendo Sol, 2012


Certo dia me afundei em palavras aleatórias em busca de compreender o Ritmo que vibrava em meus compassos. Já havia visto em diversos momentos a aceleração pertinente, o desejo feroz e todo o mecanismo em meus resultados. Palavras sintetizavam livros já lidos, toques despertavam olhares perdidos. Aprendi outro dia com um bem velho amigo que por mais que corresse, um pé havia de vir depois do outro como as coisas assim são naturalmente. O cair revirou-se em paradoxo e a partir desse dia ficou impossível não pisar os dois pés no chão. Já tive menos asas. 

No meio dessas palavras dispersas surgiram entendimentos, significados. Vi imagens, busquei modelos. Vi um homem, alto cigano, sábio, correndo por todos os lados, cristalizando encaixes. A essa altura não se aprendia mais como dançar, o homem era o coreógrafo. Ensinou-me a percebê-lo, em sua arte robusta, desenhada, lapidada. Dançamos enamorados. Pude sentí-lo tão dentro de mim, que tornou-se irrestível não acompanhar o seu encanto. Era fortaleza, tronco, segurança. Embalou-me em seus braços. Encantou-me com sua postura sedutora, robusta. Em grande enlace, dançamos apaixonados. Fechei os olhos tentei seduzí-lo em minha dança intensa. Mas abri os olhos. Vi o mundo. Havia um mundo. 

Haviam pessoas, haviam danças, coreografias. Haviam tantos outros... E foi nesse dia que entendi que se dançassemos tão apaixonados como de hábito, acabaríamos não acompanhando a festa que ali rolava no grande salão do mundo. Ocupamos um menor espaço, diminuímos a velocidade, para que pudéssemos sentir o cheiro, o viço e o gozo de nossos corpos colados.

Sunday, July 22, 2012

Coração Sagrado


Coração Sagrado


Uma dinâmica para o desprendimento, 2012



Já tinha se exaurido
De minhas memórias rápidas
O calor vivaz
que habita em meu coração
Longe das paixões palpitantes
Amor é Sol
Inesgotável
Queimando como fogo
As coisas Sagradas que habitam em mim

Faz-me pensar
Reverenciada
Dentro de mim mesma
Assentada em trono flamejante
Amor é Dádiva 
Para qualquer um

Sinto grande força
Inexorável
Prezo pela tua morada
Te sinto
Em ti existo
Somos Amor

Escorpião/Fênix


Escorpião/Fênix


Improviso n.1, 2012



Já reluz no horizonte

O sagrado Luto
De uma vida em casulos
Cavernas e buracos
E lágrimas de compaixão
Não sei como sairei dessa
Viverei a morte
Na esperança de que venha a Fênix

Eclipse


Eclipse

Graça, 2011





Uma intensidade Real


vive calada

e solitária por detrás de minha face

Transpareço só o aceitável

Para um mundo cheio de regras

E privações do que se deve ser




Licença poética pedi a Oxalá

para poder existir próxima e possível

Perto de mim mesma




E por respeito a esta moral

Tive de criar entre eu e você

A aura dos meus segredos

Realeza Sutil

Anti esse social

Minha verdade 

Minha história

Indecifrável

Para pisantes do chão

Ninguém nunca soube me ver



Houve um dia somente 

Corações abertos

Daqueles que pelo além pairam

Me perguntaram

- É você?

E fui feliz

Porque já houve esse dia

Dança Secreta

Dança Secreta

Dança na chuva, 2012


A melhor dança já dançada

a dos mistérios incertos
que guardo em memórias antigas
afim de grande Alquimia

São milagres do cotidiano
de uma alma que sonha em acordar
e de um Sol com ânsia de brilhar

Para isso saltando de penhascos
Lançando-me em mar aberto
Não há temor ou sofrer

As já encenadas coreografias 
Do brilho de outrora
De um Sonho a se recriar
Fazem penas douradas caírem no chão
De anjos lúcidos
Que embelezam minhas pegadas

Tuesday, July 17, 2012

Sábios Tormentos

Expansão Horizontal, 2012

Sábios Tormentos


Da sabedoria vestida de tormenta
para mes pequenos eus
Faz-me afim de voar com águias
Nesta vida gloriosa
encaminhando-me incessante
Em rumo e direção ao centro de todas as coisas

Brincando de materializar
O subjetivo tão Real 
Há tanto tempo interior
Faz da Terra meu teatro laboratorial
A experimentar formas e medições
De tudo aquilo que já é tão em mim

E assim esperar milagres
Das construções que me ensinam
Em profunda mente
A fazer amar
As partes mais preciosas de mim

Sunday, July 15, 2012

Oração a Vida


Árvore da vida, 2012



Oração a Vida


Vida, bonita vida

Tão plena em teus mistérios
Em mim como templo
Tão sábia em tuas conduções
A ti eu prezo, infinita
Para lançar-me em teus braços
Distante do medo
Ó Sábia incontrolável
A ti eu rogo 
Pela graça da compreensão
Que me faz saltar profunda
Em tua saborosa companhia
A ti venero
Por persistir em desnudar-me
E por mais que ainda segure as minhas vergonhas
A ti insisto
De mim nunca desista
Pois hoje te vi em caprichosas artimanhas
A tirar-me da caverna mais profunda
Para a graça de existir em teu berço
E se por lucidez ou loucura 
Já pouco importa
Quando me impulsiona a estar viva 
e liberta mente nua

Wednesday, July 11, 2012

Arte de Sonhar


A ARTE DE SONHAR

Viver Imagem, 2012





Certas noites brinco de me encontrar em sonhos e contar a mim mesma as próximas pegadas de meus sapatos delicados. Como se adiantando passos, reconhecer com mais facilidade as pegadas e o cheiro de tudo que me acompanha durante a caminhada. Assim mergulho e me integro com mistérios tão profundos e partilhados em um revelar delicado, um se educar antiiiigo... Faz-me imaginar sob véus translúcidos em algum tempo sagrado em terras que já se foram como grandes montanhas de areia que se mexem e já não existem mais em seu lugar. 


Convoco o passado para me relembrar, me fortalecer, decorar minhas vitórias e me banhar no que sempre há. Ou exploro rápidos fatos, natos, aptos para fortalecer minhas intuições. Predito o futuro, desafio augúrios. Liberto-me em outros mundos e abro-me em mim mesma para acolher outras verdades. Não por mera curiosidade, mas por me permitir viajar entre mais diversos mundos além do que já é meu conhecido particular. E hoje quando piso cada passo, vejo não só a mim, vejo os que me circulam, antes da luz que nos inspira, eu aprendi a nos ver. 


E por ser tão exímia e apaixonada viajante, decidi viajar antes da Luz, pois assim poderia escolher os cometas que iria pegar carona ou escolher se iria fabricar os meus proprios raios de Sol.