Rezo para que cada palavra seja
cortante como um meteoro acelerado, rasgando esquinas, ousando entrelinhas... E
caía na terra semente... De flor de capim que não pestaneja nem pede permissão
para nascer... Para me ensinar os caminhos de se evaporar... Deixar ir,
despregar-se de si... Um dia água retirada a força, fazendo da vida sauna
esbaforida, sem saída... Intimido cativeiro da hora chegada de se purificar...
Erva, magia e segredo do tempo que já se esgotou ou do tempo que não é longo o suficiente
para ser dançado.
Mas felizes são meteoros que se fazem
flores, pois quando nascem, sublimam cativeiros com a beleza de odores suaves. E
do até então suor intimidado, voa o vapor com o perfume rarefeito para um outro
lugar dentro de si: renascer num passeio ensolarado, virar vento despreocupado...
Desencarnar tudo que foge da paisagem, pra alma branda se misturar de novo ao já
combinado esquema: sol, lua, vento e mar.
Sigo golpeando com a lua cheia, pedras
d’água sem importância. O caminho agora aberto, faz-me ver que já galopam
peixes e sereias no lombo de cavalos marinhos na direção das ondas cristalinas
que trazem de volta os sonhos de quem não desistiu de amar. Travessia perfumada,
tem sabor de maresia.
jun.2013