Wednesday, November 3, 2010

Eu e Árvore

Marrakech março 2009.



Toda a beleza de ser humano começa a se desmascarar diante de mim. Aceitar ser flor, ser mulher. Se apaixonar com o corpo, sem cabeça nenhuma. Só o chamado do amor, da gratidão. E a paixão que nasce assim mesmo pura, nua, brutal, sem regra nenhuma. Sem limite nem razão. As gotas de consciência que iluminaram e inspiraram as intenções foram breves e raras, mas bases estruturais potencializadas pelo fogo e pelo sexo. A intenção flamejante: eu te amo, quero ser um só com você.

Me entreguei completa a uma pureza. A primeira, pois espero. Com toda a potência do sexo, do fogo, da vitalidade de ser humano. As flamas que se entrelaçaram às folhas secas do outono e o caule secular, cheio de histórias e abraços pra recordar. No orgasmo vooei alto, me segurei nos teus galhos, não podia mais viver sem você. Eu te contei que não era pra sempre, mesmo que felizes fossem meus singulares dias do teu lado, meu tempo se esgota exatamente como tuas folhas que não param de cair. Pensa que eu fui mais uma, que cai e que fertiliza tua terra. Em mim tu te faz presente, sacode minhas folhas, me bota no teu eixo. Eu te amo.

É bom ser assim, sem limites. Toda livre. Apaixonada. Espero o dia vou poder namorar com a chuva, com o mar, com as pedras, com o vento e com o Sol. Ah, o Sol. Quero namorar a ti ó Sol radiante. Me entregar por completa e ser uma só contigo nessa canção. Me faz decolar até ti, me faz renascer no teu fogo. Me deixa inspirar teus suspiros, sentir teus sentidos, repousar no teu coração. Te fazer de morada, ser mulher-sol, ser toda sol, tua companheira, tua namorada.

Ver as nuvens passar, o inverno chegar, e ser todos os dias sol. Feito Tu, inesgotável. Pra sempre, tua esposa, tua mulher e ir embora contigo, ser contigo. Ser sol em flor.  

Georgia Cardoso
em 4.10.10

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