Wednesday, June 29, 2011

Água de Céu

Pont-en-royans, verão 2009



Em mim dos rios de tantos braços, uma seca violenta, um sol fervente, uma luz inebriante, fez dos braços que sonhava em ser açude secar e virar uma terra seca. Nenhuma gota mais de água, nada que se envolve. A seca.

Um rio, uma consciência, mil braços abertos como uma Deusa que abraça cada homem que acolhe no seu Ventre. Dos braços que secam, num sol castigante, deixam a força do rio para seguir até o mar mais desenvolvida, mais poderosa. Um pedaço de pensamento de abraço que se esvai e sobra espaço, sobra força. Sobra força para seguir, para chegar. Aonde quer que se queira chegar. Rio que vai no mar, rio que vai na cachoeira, rio que vira açude, lagoa. 

Ou braço de rio que seca, e água que não é mais água, que o Sol secou, Ewá levou, virou nuvem, uma idéia que o vento soprou, se segmentou e virou um céu aberto depois que a chuva chove. 

E a gente se lava com a chuva, que um dia foi rio, e agora é água de céu, com as idéias do vento e do ar em cada gota, gotas espiritualizadas, gotas de sabedoria. Gotas de Ifá, gotas de profecia, gotas de liberdade. Gotas de Tempo, gotas de encaixe. Gotas de Oxalá, de bondade, gotas de paz.

Gotas de preto velho, gotas de caboclos, de deuses. Ideias de amor que gotejam e caem. Que lavam, que amam. É quando o céu abraça a terra. 

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