Saturday, December 2, 2017

Assassina de saudades

Assassina de saudades

Não costumo cativar a violência
De alguma maneira sigo avessa
Do lado contrário do que quer o noticiário
Não costumo vibrar com lutas sangrentas
Nem com morte que resolva sentença
Sou habituada a matar coisas certeiras
Vermes interiores
Capatazes e repressores
Mato sem pena
Sou uma assassina sangrenta
Rastro de onça
Não nasci pra cultivar a pena
Mato o que me bloqueia
Meu único inimigo que por dentro me permeia
Me resolvo por dentro
Matando a minha maneira
Mas já mato também aquilo que por fora me chateia
Assassino tristezas
Esfaqueio distâncias
Destruo geleiras
E tudo que quiser ser barreira
Sou uma assassina de primeira
Mesmo com a mais tenra idade
Já aprendi a cuidar dessa calamidade
De tempos em tempos estou foragida
Preciso fugir da minha cidade
Sou uma autêntica matadora de saudades

Georgia, 2017

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