Thursday, February 2, 2017

A falácia dos desapegos sem sabedoria


Desapegar-se é inevitável
Assim como as gotas se desapegam do mar
Assim como a nuvem se desapega de si mesma
E volta para a terra e nos faz regar
As folhas caem das árvores
As flores em prol dos frutos deixam de embelezar
De nada adianta lutar por se desapegar
Pois algo maior que nós sempre o fará
A natureza no lugar errado
É feito peixe vivendo em aquário
Como quem desapega de si para viver como miserável
Há que se ter sabedoria
A vida não é uma desconstrução sem regalia
Desapegados que abraçam a infelicidade
Esquecidos do direito de escolher
Desapegaram-se do querer
E viveram a margem do seu próprio ser
Perderam o prazer autêntico
E engoliram a depressão sem perceber
Desapegaram-se da voz interior
E viveram reféns do seu próprio desvalor
O fato que meu juízo persegue
É achar o peso coerente a se liberar
Muitas vezes o melhor desapego
É o de querer sempre se desapegar
Desapegar-se da falta de abraços
E da mania de achar que tudo está favorável
Me desapego de tudo que me tira da prosperidade
Sou um flor que nunca cansa de receber afagos
Minha alma é abundante
Essa é a história que lapido d'un jeito cada vez menos intrigante
Sou flor dourada
Minha natureza é triunfante
A neutralidade que é fruto da transcendência
É o salão aberto aonde dança a minha verdadeira essência
Georgia, 2017

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