 |
Londres, primavera 2009 |
Fácil é ser vanguardista: Sou gay, sou pós-modernista, sou analista de sistemas, sou maconheiro, sou novo, sou quente. Ser novo é ser fácil, ser velho demais é que é difícil.
Desvincular-se dos valores ocidentais e das nossas crenças é que é o grande desafio para O diferente. Capitalismo, cristianismo, heterossexualidade e um leque de informações absorvidas desde nossa concepção até o momento instantaneo - faça isso, seja aquilo! - é que são as designações que nos interessam quebrar. E ser livre! Livre de espirito, livre de pensamento, livre do PRE-CONCEITO. Amar o ser humano em sua plenitude: chega de esteriotipo e clichê pós-moderninho - ele é cult, ele é emo, ele é gay. Somos todos seres humanos providos de sentir, providos de amor. Amor que perde a chama à medida que uma nova invenção (isto mesmo, invenção!) é inserida no nosso cotidiano. E o homem não cansa de inventar, de se mecanizar, de se enraizar de razão.
Não quero que meus filhos aprendam que na vida se nasce, se cresce e se estuda para medicina nem aprendam que a felicidade se manifesta em momentos ou que o amor é a troca entre um homem e uma mulher que fazem votos em um altar. Quero que meu filho nasça e cresça velho, mas bem velho mesmo(!) para que ele sinta que Deus é o próprio universo que o cerca; para que ele sinta o amor entre almas, para que ele nao se sinta dono de ninguém; para que a terra não seja dele nem do seu vizinho; para que ele respeite o seu próximo independente de que ele transe com um homem, uma mulher ou uma árvore e para que ele ame incondicionalmente viver.
Georgia Cardoso
em 17.05.2006