Friday, December 2, 2016

A falácia da inteireza


Não é possível existir por inteiro
Tenho infinitas partes por aí
Cansei de lamentar pela minha fragmentação
Se sou um alguém tão incompleto
Só me resta aceitar a fatal condição
Das plenitudes que ficaram no passado
Restam vazios que insistem no meu presente
Sou um alguém pela metade
Uma mulher de muitas partes
E assim permanecerei ao meio
Um ser de infinitas outras combinações
Dualidades eternamente repartidas
Não me basta a miserável solidão
Das pessoas que pensam se bastar
Não aceito mais caricaturas de completude
Não é possível viver uma completa mente só
Nada me pertence
Mas as minhas outras bandas me atraem
Sou a chave de muitas fechaduras
A incompletude é a inevitável via da humanização
Abrindo o coração pra diversas possibilidades de complementação
Recombinar é a plena pulsão das minhas dualidades
Só há plenitude pras chaves que abrem portas
Georgia,2016

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