Monday, December 26, 2016

Paraíba Prometida


Fico meio abestalhada
Em terras cearenses
Captando com minhas antenas algo que me faça vibrar 
Mais eis força grande e invocada
Esse axé paraibano
Que mesmo de mim a longas distâncias
É berço instantâneo de minha poesia
Não entendo que sintonia é essa
Ou se foi uma macumba da gota serena
Pois não é apenas meu pouso seguro
É de onde um todo entranhoso reverbera
Aonde não há espaço pras quimeras
Pois lá finalmente estou livre das capelas
Me sinto apegada a algo que não rima com nenhum tipo de prisão
É terra reluzente que me encarnou de véra
E finalmente me deu vontade de criar raízes internas
Lá vivo um mistério primitivo que envolve o nomadismo
É a terra prometida de quem há vidas caminha para reencontrar
O retorno ao lar que a libertação da alma veio em tantos festejar
Seja o quilombo do negro alforriado
Seja o hebreu liberto em busca de Canaã
Há na alma peregrina um oculto sonho a se cristalizar
Somente o mais profundo sentido de pertencimento é capaz de explicar
A misteriosa terra que em si acolhe
Tudo aquilo que cristaliza o anúncio da liberdade
És o patrimônio autêntico dos alforriados
Georgia, 2016

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