Monday, April 3, 2017

Caçadora de referências


Caçei meu sentimento pela tara de farejar
Segui rastros
E não desisti de nenhuma pista
Não caminhei sozinha
Porque não faltaram vozes pra me guiar
Sofri de exclusão
De reflexos incoerentes que só a paciência pôde transpor
Rezei pro mato se romper
E nunca mais parei de me desencantar
A ilusão se despe quase sem pudor
O fim insiste em ser extremamente  sedutor
Mesmo quando o rio esteve seco
Guardei a Ingazeira na memória
Minha única referência que o tempo não iria repor
Mesmo quando no mundo falta amor
E a desunião grita com todo seu torpor
Nas referências me sustento pra seguir mesmo sem nenhum calor
Por todo investimento que ainda posso fazer
Não brilha mais o ouro que outrora mostrou algum valor
Por isso há uma potência que insiste no que me dá prazer
A jóia preciosa que nem meu ego conseguiu vender
E a Ingazeira me lembra que sempre há milagres ainda por ver
De todas curas que a desilusão permitiu transcender
Há uma esperança latente que o atabaque ressoou no meu ser
E a distância da aldeia não é o suficiente pra no bueiro me fazer escorrer
Insisto em flechas que capturem não apenas meu ser
A família é o valor mais precioso que insiste em me fazer viver

Georgia, 2017


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