Wednesday, March 1, 2017

Desabafos esperançosos


De tanto desafeto que me consumiu
Busco alento em alguma claridade
Que minha consciência ainda não captou
Das indiferenças que jamais absorvi
Mesmo a compaixão que consegui ouvir
O suficiente dela nao apreendi
De quem nos vira as costas
Os motivos sei que entendi
E a liberdade ao outro que ofereci
Nem sempre é o necessário pra da mágoa emergir
Não preciso fingir ser nenhuma das muralhas que já subi
A força com a qual eu realmente aprendi
Mora no reconhecimento de tudo que ainda não transcendi
O pouso seguro que nesse processo reconheci
Habita em tudo aquilo que ainda não consegui
E o pesar sincero de quem almeja muito mais
É a condição necessária que com a lua compreendi
Quantos passos almejo dar
E quantas montanhas ainda quero escalar
Aonde habitam meus reais motivos
De tudo que ainda preciso concertar
E de quantas coisas em meu domínio não podem habitar
Prefiro à aridez me entregar
Na esperança do verde que um dia pode brotar
Os desafetos não me cansam
Nem tampouco são as vigas que me levantam
Prefiro buscar as relevâncias
Que o poder da transformação é capaz de doar
De toda semente que já vi germinar
Me rendo ao que na natureza nunca se pôde negar
No amanhã que a chuva pode transformar
Sou romeira em todas terras secas
Entregue a fé que movimenta as impossibilidades
Sem chapéu de palha que contenha o calor do sol
Sustento o excesso de claridade que castiga a realidade
Afim de milagres cotidianos que nenhum preto velho negou a probabilidade
Georgia, 2017

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