Wednesday, March 1, 2017

Portal dos miseráveis


Ó, miseráveis, recuso-me em abrir a porta
Não me vencem as picuinhas
Muito menos as mediocridades
Nasci regada a exageros
A abundância que nunca rima com arrogância
É avessa a individualismo
Alma rasa em mim não se engancha
Não nasci para mendigar meu interior
Jogos de conveniência não desbancam meus poemas
Rasgo as páginas que não escrevi
E me recuso a desenhar flores que não plantei
Meu peito é rio de leite nutridor
Não vim ao mundo feita para guardar rancor
Muito menos pra viver com pouco
Ou merecer pouco valor
Minha moeda que não se converte fora do meu ideal
Não é suporte de mulher medieval
Minha brutalidade mora na minha consciência habitual
Sou besta fera a cercar todo meu capital
Minha riqueza que não cessa pra sobreviver em meios patriarcais
Esse equilíbrio nunca alimentou meu verdadeiro carnaval
Sou alma que se joga sem freio pra segurar o peito
As únicas referências que guardo são alavanca pra minha natureza real
Não há verdade que fuja do que cravado no centro está
Sou amor antigo sem pressa a se revelar
Pois foi na eternidade que eu me converti e decidi morar
Georgia, 2017

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