Wednesday, March 1, 2017

Tempo de desembocar


Eu que há tanto tempo não me jogava no mar
Esgotei minha natureza por medo de desembocar
Depois de tanta rejeição
Perdi o prumo e errei a direção da imensidão
Saturei espaços errados que do sal careciam
Encontrei corações imensos que me permitiram existir enquanto curava minhas feridas
De tanto medo do mar
Por guardar tanta falta de mar pra me abraçar
Nem sempre achei oceano que acolhesse o meu tanto amar
Me prendi em represas
Me perdi da minha natureza
Me desencantei em nevoeiros
De tudo que no passado só me levou a escorrer em bueiros
Mas a pulsão da minha fonte é verdadeira
E me perder de mim faz parte da minha natureza
Quando me lanço fora de mim
Feito rio que abraça o mar sem fim
A correnteza é quem me carrega além do que não cabe em mim
Só o que vem de mim não é o suficiente pra me reencontrar em si
É o mar quando me abraça que me faz re-existir
E completar a sina de quem nasceu pra se cristalizar no sim
Georgia, 2017

No comments:

Post a Comment