Saturday, January 21, 2017

Buscadora de passados

Buscadora de passados

Preciso perder as referências pra buscar o meu real encanto
Nesse quase tudo que descobri perambulando
É por isso que rodo meio mundo afora
Caçando sinais que me tragam de volta a mim
Apenas busco meu lugar no espaço
Que forma ou função não é o suficiente pra me preencher nessa vazão
Sou filosofia viva sempre a se manifestar
Num vão subjetivo que algumas pedras são capazes de estruturar
Não há passo que eu dê sem um lugar prévio a se caçar
Lanço as flechas assim que me sinaliza o tempo
E ja adentro a mata carregando comigo o alimento
Só por isso sou pedra firme em meu presente
Não ando a esmo desprecavida
A firmeza do meu presente é fruto do que já cacei
Não falo de tempos espaçados em distantes complexidades
Minha antiguidade é base que as vezes eu preciso estar
Todos os dias na mata eu preciso entrar
Sempre a tempo para que no agora já situado eu consiga estar
Não me interessam extensas reflexões
Carrego a filosofia que gera tudo que é possível criar
Sou todas as coisas que meu ontem buscou
Num passado que meu corpo ainda não estudou
E busco a mim mesma nesse eterno reencontrar
Sou caça e caçadora de mim mesma
Um som, um espaço, um cheiro
Tudo é cor na tela que eu decidir pintar
Tudo é vida na atmosfera que minha alma confia ao se revelar
Não sou produto do meio
Nem reflexo de imediatismos
Sou o passado que caça espaços
E jamais alimenta nevoeiros
Apenas oferece os verdadeiros presentes
Que animam uma estrutura que seja perceptível a qualquer estrangeiro
E só assim minha terra ganhou sentido
Sendo o singelo laboratório de minhas veladas alquimias
Não há ciência sem que se oriente o ar
Assim como vive o Sol sempre a se Orientar

Georgia, 2017

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