Friday, January 27, 2017

Paixão alforriada


Ainda sinto saudade das paixões desmedidas
Diversas vezes minha alma foi assim tão remexida
Paixão é o zero
Ponto de largada de toda alma bandida
A maturidade, uma safada
Não tem sentido ser a única parte inquerida
Não sei se já busquei quase tudo que queria achar
Mas já fazem muitos anos que o zero não abre a porta do meu despertar
Ou será que a seletividade me roubou a bandida
E apagou o feitiço de tudo aquilo que cega e fascina
Culpa do prazer que se expande na sedução cotidiana
E da liberdade que alforriou os desejos
Hoje perambulam por aí sem gerar quase nenhum atrito
Paixões cotidianas não lampejam nenhum frisson
São amigas gaiatas
Com todo o direito pra expressar sua emoção
Todos os dias o fogo passeia solto
Por isso não tem roubado mais o fôlego do povo
Não saqueiam o centro da equação
Nem destroem o que os impedem na sua locomoção
A liberdade da noite é a conquista da boêmia
Que não precisa mais de bares nem botecos pra viver sua anarquia
Conversam entre si acerca das cenas da próxima magia
Tem em todas as ruas sua passagem livre
Já que conquistou de volta a segurança que habita em sua ousadia

Georgia, 2017

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